Dna Julia - Cinfães do Douro
Uma viagem por dentro de Portugal, direto ao coração…
Quem me segue e ouve percebe que gosto de Pedra ( Cultura), Terra (Patrimônio )e Água (Paz)… Cheguei a esta linda terra - Cinfães do Douro e como já é normal lá estava o tanque, o espigueiro os caminhos irregulares.
Não conhecia a família de Maria, mas o sorriso que emanamos, e a energia que libertamos expande com outras energias! Fui muito bem acolhida.
Um revitalizar de Alma e D' Alma
Destaco um momento em que sozinha percorri aquele caminho irregular, e já comum nas minhas manhãs, até ao antigo tanque e lugar "social" de lavar a roupa!
Antigamente era usual as mulheres da aldeia se juntarem neste espaço criado para o efeito de limpeza das roupas. Sendo ali que as roupas eram lavadas, coradas e estendidas ao tempo! O esvoaçar ao vento.
Estes momentos seriam também considerados uma influencia social, pois talvez seria aqui que entre sabão e torcidas de roupa que se aprendia sobre a vida, sobre ser mulher, esposa e talvez também sobre morrer aos poucos...
Estava eu sentada em cima da pedra que outrora fora lugar de dar de beber aos animais. aquela água fresca e cristalina que vinha da mina. Quando uma senhora ao fundo da estrada olhou para mim!
Estamos numa aldeia, onde ainda impera aquela gesto involuntário do: Bom dia (em tom alto e do coração). Aquela senhora continuou a descer em direção as caixas de correio que estão colocadas na berma da estrada para que a comunidade possa levantar. Percebi que parecia um conjunto de apartados postais. Como estamos numa aldeia de pedra e de caminhos irregulares e por vezes distantes uns dos outros. Alguém criativo construiu um espaço onde se junta as caixas de correio e assim também um espaço de encontro social.
A senhora, antes de se aproximar do correio fez um desvio e veio ter comigo.
Conversamos e percebi que aquela senhora de nome Julia, vivia sozinha. tendo perdido a sua filha muito recentemente! Explicou que ouviu o meu "Bom dia" mas não estava a reconhecer-me porque a visão não ajudava. Esclareci que não podia atribuir culpas á visão, pois de fato não era conhecida na aldeia. estava de visita.
Estava ali sentada, porque gosto de silêncio, refletir e respirar aquele ar. Adoro água e o som dela a correr... por tal estava a aproveitar aquele momento! Tinha Girassóis perto de mim, assim como arvores de fruta que ia saboreando! Tentei procurar amoras, mas não encontrei!
De quando em quando, molhava a face, o cabelo e os pés debaixo da "bica"
Entre conversas, combinamos que a visitaria no dia seguinte e antes de ir embora para me despedir… A senhora nem queria acreditar e fez-me quase prometer que não iria embora sem a ver novamente!
Passado umas horas vieram me chamar, dizendo que alguém me procurava, uma senhora vestida de preto - saltei da cadeira e disse: A Dna Júlia
Corri para a fonte e lá estava ela com um sorriso lindo.
- Ana Maria, como pensei que poderia não me visitar, trouxe aqui umas coisas para si.
Trazia na mão uma saca com cebolas e pepinos. De imediato lhe disse que não poderia me esquecer dela, pois tinha-me comprometido! Contou um pouco mais sobre a sua solidão e disse que tinha lhe feito bem estar comigo horas antes. Foi quando recordei o momento em que Dna Julia me disse entre tristeza marcada no rosto: porque deus não me leva? Já não faço nada aqui - a minha filha foi…
Confesso que me custou ouvir, mas de imediato lhe disse: Dna Júlia, a senhora tem aqui uma missão, um propósito, pense nisso! Por exemplo, foi bom tê-la conhecido, foi bom estar aqui na fonte do encontro e olhar para si e lhe dizer Bom dia - Foi bom ter-me ouvido apesar de não me conhecer e comigo estar. Foi tão bom… e que por isso, estamos aqui novamente! A isto se chama de viver. Quanta gente deseja viver estes momentos com liberdade e saúde? Quantos? Vá lá não seja assim.
(obviamente que reconhecia a tristeza e solidão da senhora, mas não podia acrescentar mais dor ao ser compreensiva! Tinha, como dever, fazer o contrário: Recordar que existe gratidão. Pois este é o meu espirito, a minha força, o meu propósito - fazer com que valha a pena)
No dia seguinte, novamente, fui até á fonte do encontro e após ter molhado o meu rosto e observado as caixas de correio, fui ter com a Dna Julia a casa - confesso que apenas sabia que era por ali... na aldeia tudo fica "aparentemente" ali…
Já ia no meio da rua e chamei: Dna Júlia, Dna Júlia… De uma janela acena-me a senhora e rapidamente vem ter comigo à porta. Estava feliz por ali me ver! Abracei a senhora na qual me disse de imediato: Sabes uma coisa Ana Maria, dormi muito bem, como já há muito que não acontecia.
Fiquei feliz e disse-lhe: certamente foi por ter conversado um pouco. Não estamos sozinhos e por tal é bom falar com alguém! Estou muito feliz de a ver sorrir e a partir de agora vamos falando de quando em quando. Dê- me o seu contacto!
Para não me esquecer de ninguém, apenas quero agradecer a Maria por me ter permitido conhecer a família dela que hoje já é minha também.
Pais de Maria
Deixo aqui uma das muitas historias que vivi com a mãe de Maria a Dna Hermínia, a 31.07.2023 pelas 7h da manhã👇
..."O dia em Cinfães do Douro começa cedo. Como combinado fui ver os animais a pastar! Dona Hermínia e Sr. Manuel um casal que em equipa trata deles🐂🐖🐐🐏🐓. Fui com eles… Pelo caminho vi terrenos, ouvi histórias e apreciei as árvores de fruto...
Obviamente que as fotografei📸. Marmelos, Dióspiros "Coroa de Rei e outras mais... O aroma da hortelã e a brisa fresca, quer na face como nos pés ( ia de havaianas, calçado improprio para campo, mas foi possível percorrer as leiras que são socalcos de terra para mim). Levamos as cabras até ao seu pasto, melhor dizendo as cabras é que me levaram. Sabiam o caminho de cor!
Refleti que todos temos a nossa missão. A minha e tal como a vida do campo, uma continuidade de foco, compromisso e resiliência. Valores que respeitados, seus frutos e resultados aparecerão, no tempo certo! A seu tempo…
Tempo com Tempo 🌞🌻 (algo que já escrevi no meu blog)
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